Mou Chin Racing Visita o Nurburgring

Visitar o Nurburgring é já um sonho de longo data que decidi realizar agora que passei a barreira dos 30, parece que é sempre a descer a partir de agora. O objectivo desta minha aventura era conduzir o meu Integra Type R desde Lisboa a Nurburg (Alemanha), conduzir no famoso Nordschleife (circuito norte de Nurburgring) até obter um tempo inferior a dez minutos e voltar inteiro para Lisboa. Depois de ter feito as contas de quanto custaria em combustível percorrer 4.500km de Integra, sem falar das emissões de CO2 resultantes de tal viagem, tive que mudar de plano. Apanhei um avião para Frankfurt, aluguei um Smart Cdi (de longe o pior carro que já conduzi até hoje) para me deslocar a Nurburg e encontrei-me com um colega Alemão, que felizmente sofre do mesmo síndroma que eu e trouxe com ele um Accord Type R para me emprestar.Para quem não conhece o Nordschleife em Nurburgring é uma das pistas mais antigas da Europa e é tão mítica como Le Mans ou Spa. O primeiro piloto a vencer uma corrida (1927) em Nurburgring foi o ex-motorista do arquiduque Austro-Húngaro Franz Ferdinand, cujo assassinato despoletou a primeira guerra mundial. Foi neste circuito que o piloto de fórmula 1 Niki Lauda ficou desfigurado após um acidente, ironicamente ele nesse mesmo dia tinha recusado conduzir porque o circuito era perigoso demais. Portanto eu não tinha nada a recear. Podem ler mais coisas sobre a história do circuito em http://www.nurburgring.org.uk/history.html.O Nordschleife hoje em dia já não recebe a Fórmula 1 por não oferecer condições de segurança suficientes e devido à sua extensão (20,4km). Actualmente além de algumas competições esporádicas o Norschleife, segunda a legislação Alemã, é uma auto-estrada sem limite de velocidade com portagem. Noutras palavras, quem quiser ir para lá acelerar só tem que pagar, claro que se houver um acidente aplicam-se as mesmas leis de uma estrada normal. Felizmente não tive nenhum percalço e não foi necessário preencher nenhuma declaração amigável na berma de uma estrada cheia de “aceleras”.A Honda, como outros construtores conceituados de automóveis desportivos, utiliza o Nordschleife como benchmark para a performance e comportamento dinâmico dos seus modelos desportivos. Um desportivo rápido no Nordschleife é rápido em qualquer outro canto do mundo e não existe um único construtor (conceituado de automóveis) hoje em dia que não teste o seu desportivo aqui antes de o lançar para o mercado. O NSX-R foi o primeiro carro com um motor atmosférico a bater a barreira dos oito minutos em Nordschleife e foi preciso esperar mais alguns anos até outros carros com motores atmosférico muito mais potentes conseguissem bater a marca da Honda. Nada mau para quem não jogava em casa. Dizer que não tive receio seria mentir, mas depois de ter passado a cancela da portagem passou o nervoso todo e não bater ou matar algum motard tornou-se uma prioridade. Só depois de começar a descer aquelas curvas rápidas percebemos porque razão os locais chamam-lhe o Inferno Verde, é que aquela paisagem verde linda (cheia de árvores) à volta do circuito torna-se um bocado ameaçadora quando vamos a altas velocidades num pedaço de alcatrão que faz parecer o circuito do Estoril uma auto-estrada de 5 faixas. Confesso que por vezes tive saudades da gravilha do Estoril, sempre deve doer menos que uma árvore separada apenas por um rail de auto-estrada.No final consegui uma marca pessoal de 9:46.27, eu e o Accord saímos ilesos, os pneus nem por isso e o senhor da bomba de gasolina agradeceu-me pelas imensas vezes que utilizei o Visa para encher o depósito. Recomendo a qualquer aficionado de automóveis a ir lá pelo menos uma vez na vida.